Eficácia das máscaras brasileiras varia entre 98% e 15%, avalia estudo da USP

Em entrevista à CBN Vitória, o coordenador do estudo, Paulo Artaxo, explica que as de tecido tiveram pior desempenho. Acompanhe!

Vitória / Rede Gazeta
Publicado em 28/05/2021 às 10h45
Eficácia das máscaras brasileiras varia entre 98% e 15%, segundo estudo da USP
Eficácia das máscaras brasileiras varia entre 98% e 15%, segundo estudo da USP. Crédito: Pexels

O uso de máscaras continua sendo uma das formas mais eficazes de prevenir a Covid-19, já que a transmissão do novo coronavírus se dá principalmente pela inalação de gotículas de saliva e secreções respiratórias suspensas no ar. Para avaliar a eficácia das máscaras disponíveis no Brasil, um estudo do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) testou 227 modelos de máscaras vendidos em lojas e farmácias do país. O resultado constatado foi a variação entre 98% e 15% do poder das máscaras de filtrar as partículas de aerossol com o tamanho equivalente ao Sars-Cov-2. Em entrevista à CBN Vitória, o coordenador do estudo, professor doutor do Laboratório de Física Atmosférica da USP, Paulo Artaxo, traz mais detalhes. Acompanhe!

Os modelos que se mostraram mais eficazes foram as máscaras cirúrgicas e as do tipo PFF2/N95 – ambas de uso profissional e certificadas –, que conseguiram filtrar entre 90% e 98% das partículas de aerossol. Na sequência, estão as de TNT (feitas de polipropileno, um tipo de plástico) vendidas em farmácia, cuja eficiência variou de 80% a 90%. Por último vieram as de tecido – grupo que inclui modelos feitos com algodão e com materiais sintéticos, como lycra e microfibra. Nesse caso, a eficiência de filtração variou entre 15% e 70%, com média de 40%.

- De modo geral, máscaras com costura no meio protegem menos, pois a máquina faz furos no tecido que aumentam a passagem de ar. Já a presença de um clipe nasal, que ajuda a fixar a máscara no rosto, aumenta consideravelmente a filtração, pelo melhor ajuste no rosto. Algumas máscaras de tecido são feitas com fibras metálicas que inativam o vírus, como níquel ou cobre, e por isso protegem mais. E há ainda modelos de material eletricamente carregado, que aumenta a retenção das partículas. Em todos esses casos, porém, a eficiência diminui com a lavagem, pois há desgaste do material.

- As máscaras de algodão de duas camadas filtraram consideravelmente mais as partículas de aerossol que as feitas com apenas uma. Mas, a partir da terceira camada, a eficiência aumentou pouco, enquanto a respirabilidade diminuiu consideravelmente. Uma das novidades do estudo foi avaliar a respirabilidade das máscaras, ou seja, a resistência do material à passagem de ar. As de TNT e de algodão foram as melhores nesse quesito. Já as do tipo PFF2/N95 não se mostraram tão confortáveis. Mas a pior foi uma feita com papel. Esse é um aspecto importante, pois se a pessoa não aguenta ficar nem cinco minutos com a máscara, não adianta nada.

- Para fazer o teste, os cientistas utilizaram um equipamento que produz, a partir de uma solução de cloreto de sódio, partículas de aerossol de tamanho controlado – no caso 100 nanômetros (o SARS-CoV-2 tem aproximadamente 120 nanômetros). Após o jato de aerossol ser lançado no ar, a concentração de partículas foi medida antes e depois da máscara.

- Os resultados foram divulgados na revista Aerosol Science and Technology.