Litoral Sul: conheça Alfredo Chaves, Anchieta, Iconha e Piúma

Ouça detalhes na participação do comentarista Rafael Simões

Publicado em 14/07/2025 às 11h45

"Espírito Santo: Que História É Essa?" - Episódio 13. Crédito: Arte I A Gazeta

Nesta edição do Espírito Santo: Que História É Essa?, o comentarista Rafael Simões chega à chamada microrregião 4 do Estado, no Litoral Sul com Alfredo Chaves, Anchieta, Iconha e Piúma. Vamos às histórias!

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Alfredo Chaves
Gentílico: Alfredense

  • A história do município de Alfredo Chaves teve início com a colonização dos portugueses, no século XIX. Quando Dom Pedro II doou ao guarda de honra da corte, o português Augusto José Álvares e Silva, 500 alqueires de terra. Essa área foi dividida em cinco partes chamadas Sesmarias: do Norte, do Sul, do Leste, do Oeste e Quatinga.
  • Nesse período, Augusto José Álvares e Silva casou-se com Macrina Rachel da Conceição, nascida naquela região e descendente de portugueses, e tiveram cinco filhos. Quando Augusto morreu, Macrina herdou as terras e doou um pedaço da Sesmaria para os escravos que não tinham moradia. A área doada, o morro do cemitério, passou a se chamar “Povoado de Nossa Senhora da Assumpção”. Que mais tarde, com a chegada dos jesuítas de Benevente e a construção da igreja, passou a ser chamada de “Povoação de Nossa Senhora da Conceição”.
  • Depois, as Sesmarias foram herdadas pelos filhos de Augusto e Macrina. Rita Augusta José Alves e Silva, filha do casal, casou-se com o coronel José Togneri, filho de conde italiano, que veio ao Brasil para vender joias e comprar terras. Por dote, ele recebeu toda a propriedade da área da Quatinga.
  • Na região, em 1877, chegam os imigrantes italianos, que desembarcam em Benevente. Do local, eles sobem o rio Benevente em canoas até a sesmaria Quatinga, onde fundam o povoado Alto Benevente. Alguns desses europeus, com medo das enchentes e do ataque dos índios, continuam a subir o rio para se instalarem em uma área mais elevada, batizada de Vila de Todos os Santos.
  • Durante esse período, os italianos encontram muitas dificuldades ao chegarem na região. Coberta de matas virgens, o local era habitado apenas por animais selvagens, como as feras. Porém, não importava a dificuldade, o que queriam era um pedaço de terra para plantarem e sustentarem suas famílias. A Itália estava passando por dificuldades e a área para o desenvolvimento agrícola no país era bem reduzida.
  • Mas, o governo não tinha um plano de imigração de famílias agrícolas totalmente estruturado para a chegada dos Europeus ao Brasil. Ao chegarem ao território de Alto Benevente, por meio de pequenas embarcações, eles seguiam depois em grupo pelas estradas com destino ao Quinto Território. Com o apoio do ministro, Dr. Joaquim Adolpho Pinto Pacca, da Imperial Colônia de Rio Novo, e do Coronel Togneri, os italianos eram encaminhados a um barracão coletivo, a “Hospedaria dos Imigrantes”. Ali, ficaram acomodados (amontoados) por alguns meses e receberam alimentos para o sustento, enquanto esperavam o encarregado do governo definir o pedaço de terra para cada família.
  • Com a posse das terras, os italianos passaram a produzir para sua sobrevivência e transformaram verdes florestas em cafezais e lavouras. A terra parecia-lhes um paraíso, era só plantar que a colheita era certa. O único cuidado era afastar os animais selvagens que atacavam as lavouras.
  • Em 1878, novos imigrantes italianos chegaram e continuaram a subir o rio para se fixarem nos vales acima de Benevente e Batatal. Evitando assim, as constantes enchentes e os ataques dos índios. Além dessas dificuldades, naquela época, o serviço de saúde era bem precário e muitos membros das famílias contraíram o mal da febre de impaludismo e vieram a falecer.
  • Nesse mesmo ano, Dom Pedro II envia ao ministro da colonização, o engenheiro Alfredo Rodrigues Fernandes Chaves, para expulsar os índios instalados nas fazendas Togneri e Gururu. O município recebe o nome Alfredo Chaves em homenagem ao Ministro da Colonização.
  • Em 1888 e 1895, uma nova leva de imigrantes italianos chegam ao território. Esses Europeus passam a colonizar outras regiões, como: Araguaia, Santo André, São Marcos, Matilde, Carolina, Deserto, Urânia, Maravilha e Engano (Ibitirui). A construção da Estrada de Ferro Sul leva novas esperanças para esses imigrantes.
  • O distrito de Alfredo Chaves é emancipado no dia 24 de janeiro de 1891, como território desligado do município de Benevente, atual Anchieta. O crescimento econômico da região é impulsionado pelos imigrantes italianos. O progresso chega e o desenvolvimento leva a formação do primeiro centro comercial, onde famílias compram e vendem mercadorias.
  • Em 1922, foi realizado o serviço de abastecimento de água potável e de esgoto, e a iluminação de toda a cidade. Melhorias surgiram para os europeus, que dedicavam grande parte do seu trabalho também para a região, na construção e organização das igrejas.
  • Na economia, a partir da década de 60 com a crise do café, os agricultores começam a trabalhar com a banana, um produto que se adapta facilmente ao clima e ao solo de Alfredo Chaves. Com o sucesso da bananicultura e da pecuária leiteira na região, passa a ser organizada a tradicional Festa da Banana e do Leite do Município.
  • O primeiro time de futebol do Estado do Espírito Santo foi o de Alfredo Chaves, fundado em 15 de agosto de 1910, por Carlos Soares Pinto. Era constituído por: Pedro Bonacossa, Theobaldo de Oliveira Pinto, Ronaldo Boanova, Públio Bellotti, José Bosio, Resk Caroni, José Pitanga dos Santos, Carlos Soares Pinto, José Fernandes Pinto, Luiz Saudino, José Organ, Luiz Villar, Aníbal Cardoso, Ivo Roversi, Luiz Franzotti, Antônio Soares Pinto Júnior e Zeferino Casoti. Intitulado “ALFREDENSE FUTEBOL CLUBE” e as cores da camisa eram vermelha e branca. Em 1949, foi registrado na federação com o nome de “Esporte Clube Alfredo Chaves”, com as cores preta e branca.
  • Os trabalhadores do político Colombo Guardia, constituíram um segundo clube, a “Usina Futebol Clube”, e só assim, o Alfredense conseguiu jogar com um time adversário.
[fonte: Alfredo Chaves - Uma visão histórica e política. Hésio Pessali. Alfredo Chaves - ES; 2010]

Anchieta
Gentílico: Anchietense

  • O município de Anchieta, no Espírito Santo, tem uma história rica que remonta ao século XVI, com a fundação da aldeia de Rerigtiba pelos jesuítas, liderados pelo Padre José de Anchieta. Inicialmente habitada por indígenas, a região foi palco da catequização e evangelização realizada pelos jesuítas, e Rerigtiba se tornou um importante centro da Companhia de Jesus. A vila foi elevada à categoria de cidade em 1887 e recebeu o nome de Anchieta, em homenagem ao seu fundador.
Origens e Desenvolvimento:
  • Aldeia Indígena: A região onde hoje se localiza Anchieta era habitada por indígenas, que a chamavam de Rerigtiba, que significa "lugar de muitas ostras".
  • Missão Jesuítica: O Padre José de Anchieta estabeleceu uma missão jesuítica na região em 1565, que se tornou um importante centro de catequização e evangelização.
  • Vila de Benevente: Em 1759, a aldeia de Rerigtiba foi elevada à condição de vila e passou a se chamar Vila Nova de Benevente.
  • Elevação a Cidade: Em 1887, a Vila de Benevente foi elevada à categoria de cidade e recebeu o nome de Anchieta, em homenagem ao Padre José de Anchieta.
Atualmente:
  • Patrimônio Histórico: Anchieta preserva um importante patrimônio histórico e cultural, com destaque para o Santuário Nacional de Anchieta, construído no local da antiga igreja da missão jesuítica.

Iconha
Gentílico: Iconhense

  • Segundo historiadores, em meados do século um inglês cavaleiro da fortuna, empresário que á atuara em Campos dos Goytacazes, juntamente com o Barão da Lagoa Dourada, Thomaz Dutton Júnior, conseguiu uma sesmaria na região, fez um trapiche em Piúma e ganhou bom dinheiro exportando toras para a Europa. As madeiras desciam em balsas, manejadas por índios puris, mas, no afã de colonizar a área, o inglês trouxe, de sua terra, famílias de colonos.
  • Em 1886, o bispo do Rio de Janeiro, Dom Pedro Maria de Lacerda, em visita pastoral à então Província, encontrou-se com Dutton, que descreve como “velho inglês, de aspecto sisudo e simpático, muito cortês”. Esclarece, todavia, o prelado que tanto Dutton como seus colonos eram protestantes. O velho Dutton morreu no começo do século passado e há registro de seu óbito no Cartório de Piúma.
  • Posteriormente, os portugueses José Gonçalves da Costa Beiriz e Antônio José Duarte formaram uma firma que entrou em conflito judicial contra o inglês, tendo os lusitanos vencido a pendência e introduzido famílias italianas na área, que passou a chamar-se Iconha, talvez em virtude das serras gêmeas que contornam o rio e a vila. Vieram também libaneses, como comerciantes, cujo estudo foi feito em belo discurso por Douglas Puppim, quando tomou posse na Academia Espírito-santense de Letras.
  • A colonização do atual território de Iconha iniciou-se do litoral para o interior, estabelecendo-se ao longo dos rios e, à proporção que as terras eram cultivadas, a região atingida níveis excelentes de desenvolvimento, beneficiando Piúma, o principal núcleo de todas as áreas existentes.
  • Nasce o povoado que toma emprestado o nome do rio. Vocábulo atribuído por uns à derivação de inconho, dada a aproximação entre os morros na localidade, enquanto outros atribuem-lhe origem indígena, significando água a arder, pelo fato de haver, na região do Orobó, grande quantidade de turfa.
  • Foi esta penetração interiorana que deu origem ao povoado de Iconha, provavelmente em meados do século XIX, sendo considerados seus fundadores o coronel Antônio José Duarte e José Gonçalves da Costa Beiriz.
  • A criação do município, com a denominação de Piúma, data de 2 de janeiro de 1891. A instalação ocorreu a 19 de janeiro de 1891, com território desmembrado do município de Benevente, hoje, Anchieta. Pela Lei estadual nº 81, de 18 de novembro de 1904, Iconha torna-se sede da administração do município de Piúma, que havia sido criado pelo Decreto nº 53, de 11 de novembro de 1890. Em 3 de julho de 1924 passa o município de Piúma a denominar-se Iconha, pela Lei nº 1.428.

Piúma
Gentílico: Piumense

  • De origem tupi-guarani e com influência francesa, o nome Piúma tem dois significados. Uns acreditam na denominação “águas escuras”, que foi dada pela maior concentração do Estado de areias monazíticas nas praias do município. Outros dizem que Piúma é o nome de uma espécie de mosquito dos manguezais da região. Para atender a demanda turística o Município dispõe de estrutura para hospedagem, alimentação, entretenimento e lazer.
  • A denominação “Piúma”: A origem do nome Piúma ainda é incerta, tendo pelo menos quatro hipóteses. A primeira atesta que se trata de uma palavra de origem tupi-guarani, com influência francesa, significando “águas escuras”, que teria sido dado pela grande concentração de areias monazíticas em suas praias ou pela cor das águas dos rios da região. A segunda versão afirma que a palavra “piuma” teria sua origem em um mosquito dos manguezais de nome “pium”, mais conhecido como Borrachudo.
  • A terceira versão, apontada pelo IBGE, afirma que a origem estaria no vocábulo tupi “Pi`uma”, cujo significado seria “pele negra”. Por fim, a quarta hipótese está ligada a origem tupi da palavra “Py-uma”, sendo esse termo referente a “epiderme ou casca anegrada, escura.
  • Piúma originalmente era ocupado por índios tupi-guarani, mais especificadamente por puris e botocudos. Aqueles viviam geralmente mais próximo ao litoral, enquanto esses habitavam o interior.
  • A colonização dos índios puris e botocudos que viviam em Piúma, mais especificadamente no Vale do Orobó, foi marcada por um grande embate com os colonizadores. Em Piúma o processo de colonização inicialmente se deu ao mesmo tempo que a catequização dos índios. A fundação da primeira aldeia catequizada ocorreu em Anchieta, a qual teve como primeiro nome Reritiba (em tupi, “lugar de muitas ostras”). A data de fundação dessa aldeia é incerta: fala-se em 1565, 1567 e 1579, mas sempre no dia 15 de agosto. Embora o jesuíta Padre Afonso Braz tenha sido o fundador de Reritiba, quem promoveu o desenvolvimento da aldeia foi o Padre José de Anchieta, hoje santificado pelo Vaticano.
  • O Padre José de Anchieta, ao fundar Reritiba (Reritigba, na grafia original), cristianizou os índios das aldeias circunvizinhas que criou, sendo elas Guarapari, Piúma, Aghá, Itapemirim e Cabapoana (hoje Itabapuana). Os índios catequizados eram usados nos trabalhos rurais e de construção realizados em fazendas pertencentes aos jesuítas, tais como ocorreu na vila de Reritiba e na fazenda Orobó.
  • Em 1º de janeiro de 1759, Reritiba tornou-se vila, passando a ser chamada de Benevente (em tupi, “bons ventos”). Em 12 de agosto de 1887, tendo sido elevada à cidade com designação de Anchieta.
  • Em 1742 índios já catequizados pelos jesuítas, após se rebelarem, fundaram uma aldeia próxima as cabeceiras do rio Benevente, tornando-se ameaça constantes a aldeia de Reritiba. Tal grupo de índios possivelmente pertenciam originalmente ao vale do Orobó, pois os jesuítas chamavam o aglomerado desses índios de aldeia do Orobó.
  • Os negros também compuseram a formação dos piumenses. Cartas de alforria existentes na Casa da Cultura de Anchieta e diversas comunidades quilombolas na região, e as várias influências da cultura africana na região atestam a presença de escravos negros, além da atual presença de seus descendentes.
  • A ocupação inicial do território que hoje compreende a cidade de Piúma se deu em função de rota de navios que iam da capital do país à capital da província. Os naufrágios ocorridos aliados à curiosidade dos europeus promoveram os primeiros contatos com os índios que ocupavam a região.
  • Piúma surgiu, enquanto colônia, em torno de 1865. Tratava-se de uma tentativa de ingleses de criar uma colônia privada, o que não prosperou por muito tempo como esperado.
  • Mais tarde, na segunda metade do século XIX, o Porto de Piúma passou a ter importância devido ao desembarque de colonos que se dirigiriam para povoar a Colônia de Rio Novo, fundada em 1855 por iniciativa privada do Major Caetano da Silva que obteve permissão para explorar as terras devolutas daquela região.
  • O Porto de Piúma foi de extrema importância para a colonização do interior da região. Do Porto de Piúma os colonos vindos da Europa se dirigiam para as terras da “Colônia de Rio Novo”, mais especificadamente para “II Território”, “IV Território” e “V Território”, sendo os dois últimos iniciados a partir de 1875.
  • Como início de um processo de desmembramento da aldeia de Piúma do município de Benevente, foi instalada em 04 de março de 1883, em Piúma, uma paróquia. Nesse mesmo ano, Piúma foi elevada à categoria de Vila, denominada Nossa Senhora da Conceição de Piúma, em homenagem a sua padroeira. Na verdade, a elevação à vila já havia ocorrido desde 04 de maio desse mesmo ano, porém ainda não tinha sido instituída canonicamente.
  • Piúma, devido a tentativa de se transformar em uma colônia inglesa e por receber visitas de famílias inglesas ficou conhecida na época como “Londres em miniatura”, sendo a segunda cidade do Espírito Santo a ter iluminação a gás.
  • Parecia que a colônia inglesa era promissora. O inglês Thomaz Dutton Junior, por exemplo, investiu muito esforço para seu desenvolvimento econômico, promovendo a vinda de outros imigrantes, sobretudo ingleses. Piúma se constituiu, durante décadas, em uma área portuária que ligava a produção interiorana da região ao comércio nacional e internacional. Assim como, anteriormente, uma entrada para o desbravamento de terras ainda não ocupadas. Foi justamente as matas que atraiu Thomaz Dutton Junior para Piúma, onde iniciou um próspero negócio de extração de madeira, instalando ali uma serraria.
  • Thomaz Dutton Junior chamou diversas famílias inglesas para colonizar Piúma, entre as quais a de Henrique Thompson, a de Jayme Wacks, a de Francisco Pacca, a de Thomaz Oenes, a de John Ombre, e mais os solteiros Henrique Johnson, Ernesto Oza, e Jorge Percival Burck.
  • Em 1871 Thomaz Dutton Junior comprou o trapiche da empresa Rodocanachi que existia em Piúma. Um ano depois, o império brasileiro concedeu a Thomaz Dutton Junior, por meio do Decreto nº 5.029, de 31 de Julho de 1872 permissão por dois anos para explorar ferro magnético e outros minerais, exceto diamantes, às margens do rio Piúma. Dutton explorou a madeira da região, assim como o café produzido no interior, em Iconha. Nesse mesmo ano, os postes para o telégrafo estavam todos postos, sendo inaugurado no ano seguinte.
  • Em Iconha, desde 1857, o senhor José Gonçalves da Costa Beiriz, já havia iniciado a agricultura. Tendo no final do século XIX contratado cerca de 30 famílias de imigrantes italianos para trabalhar em suas terras. Posteriormente atuou como comerciante, instalando próximo ao trapiche de Piúma um estabelecimento comercial. Beiriz, criou, em 1879, com Antônio José Duarte a firma Duarte & Beiriz, que incluía uma seção bancária, terras para colonização e transporte marítimo.
  • A criação do município de Piúma data de 02 de janeiro de 1891, tendo sido instalado em 19 de janeiro de 1891, com território desmembrado do município de Benevente. A primeira junta de intendentes foram Thomaz Dutton Junior, José Gonçalves da Costa Beiriz, Henrique da Silva Machado (Henrique no ano seguinte foi nomeado para o cargo de professor em Itapemirim, assumindo em seu lugar José de Miranda Fraga Filho. Nesse mesmo momento assumiu Aureliano José Vieira Nunes), Antônio Gomes Portela e Camilo Pires Martins.
  • Em 27 de novembro de 1892 ocorreu a primeira eleição para governadores municipais, sendo eleito um grupo de cidadãos para administrar Piúma, sendo eles o Capitão Manoel Gomes do Nascimento Penaforte, Felipe Pinto Rangel, Camilo Pires Martins, Antônio Gomes Portela, João Senna e Manoel Nogueira neto, sendo esse o secretário.
  • No início do ano de 1904 houve nova eleição para a composição do grupo que iria administrar Piúma. Foram eleitos como governadores municipais o Coronel Antônio Duarte, Tenente Coronel Virgilio Francisco da Silva, Capital José Manoel da cunha Moraes, Tenente Bernardo Ferreira França e Capitão Luiz Alves Vianna.
  • Em 18 de novembro de 1904, com a prosperidade de Iconha e a decadência econômica de Piúma, a sede do município passou, por meio do decreto estadual nº 81, de 18.11.1904, a ser em Iconha.
  • O território denominado Município de Piúma, tal como conhecemos hoje foi criado por força de Lei, Nº 1.908, aprovada pela Assembleia Legislativa, no palácio Domingos Martins, no dia 24 de Dezembro de 1963, entrando em vigor em 01 de Janeiro de 1964. A lei de emancipação foi publicada no Diário Oficial em 30 de Dezembro do mesmo ano. Devido a festa da Padroeira da cidade ser no dia 08 de dezembro, a festa da emancipação foi, posteriormente, antecipada, passando a ser comemorada nesse dia.
  • No dia 01 de Janeiro de 1964 assumiu a administração do município de Piúma, na função de interventor, o senhor Petronilho Batista, que por motivos de saúde avançada não tomou posse, sendo então nomeado Eliseu Xavier Nunes que também não assumiu a função devido sua idade avançada. Dessa forma o primeiro interventor de Piúma acabou sendo Edgar Nunes de Oliveira que governou por um período de um ano e nove meses. Após Edgar Nunes de Oliveira, Piúma teve ainda mais dois interventores.
  • A eleição direta para prefeito só ocorreria em 16 de novembro de 1966. Nesse pleito houve 778 votantes, sendo 772 válidos. José de Vargas Scherrer venceu as eleições com 408 votos, tornando-se oficialmente, em 01 de Janeiro de 1966, o primeiro prefeito de Piúma.
  • A urbanização de Piúma se deu de forma muito lenta, limitando-se por até o início da segunda metade do século XX a uma pequena área próxima ao trapiche. O primeiro bairro de Piúma foi Niterói, embora já havendo residentes ali desde o início do século XX. Em 1966 havia em Piúma 96 habitações, sendo 24 cobertas por telhas e 72 por palha. A partir de 1967 começa a chegar a Piúma os primeiros veranistas encantados com suas características rústicas (SEBRAE, 1996 apud SABINO, 2012, p. 100).
  • A cidade de Piúma chega em 1970 com apena 3.583 habitantes. Foi a partir dessa data que a colônia de pescadores começou a vivenciar um crescimento populacional significativo. Dez anos depois já contava com 5.345 habitantes, saltando em 1991 para 9.430 e em 2000 para 14.987 habitantes. No último censo, em 2010, Piúma registrou 18.123 residentes. Cabe destacar que a partir da década de 1980 muitas casas de veraneio começaram a ser construídas em Piúma, o que incrementou o crescimento urbano da cidade.
  • As casas de veraneio, conhecidas como de ocupação ocasional, representavam, em 2000, 44,06% das residências do município. Em 2010 esse percentual reduziu para 38,6%, ainda assim sendo a maior expressividade capixaba em proporção de casas de veraneios.
  • A “venda” da imagem de Piúma parece ter tido início ainda em 1902. Nessa data a empresa Duarte & Beiriz passou a produzir dois tipos de calendários que divulgavam as belezas de Piúma: o calendário de mesa e a “folhinha de parede”.
  • Se até a primeira metade do século XX o trapiche tenha sido o centro das atenções de fotógrafos, com sua decadência e a maior valorização das belezas naturais associadas ao turismo, o Monte Aghá passou a ser o centro das atenções de turistas e fotógrafos que passam por Piúma.
  • Com relação ao processo de povoação, atualmente o município de Piúma está consolidada por diversos bairros. São eles: Monte Aghá I, Monte Aghá II, Itaputanga, Piuminas, União, Jardim Maily, Acaiaca, Centro, Niterói, Céu Azul, Lago Azul, Nova Esperança, Santa Rita, Bairro de Loudes e Portinho, além da zona rural. Claro que existem outras subdivisões socialmente construídas, tais como o caso do bairro centro, onde destaca-se o Porto, Limão e Tamarindo. Além dos bairros o município possui, em zona rural, os distritos São João de Ibitiba e Itinga.
[Informações extraídas do livro História e Estórias de Piúma, publicado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Piúma (IHGP) em 2014, com autorização do mesmo; as fotografias também são do acervo do Instituto. Mais informações sobre o IHGP, acesse http://ihgpiuma.wix.com/inicialfontes: sites das prefeituras, Câmaras municipais; Wikipédia]

Informações sobre a Microrregião 4 – Litoral Sul

  • A microrregião Litoral Sul é composta por oito municípios, a saber: Alfredo Chaves (13.836), Anchieta (29.984), Rio Novo do Sul (11.069), Iconha (12.326), Piúma (22.300), Itapemirim (39.832), Marataízes (41.929) e Presidente Kennedy (13.696). A região ocupa 6,05% do território estadual e apresenta uma população estimada em 184.972 habitantes (IBGE, 2022), o que representa cerca de 4,3% da população total do estado. Os municípios de maior população são Marataízes, Itapemirim e Anchieta, nesta ordem. A região possui cinco municípios litorâneos que fazem limite com o Oceano Atlântico – Anchieta, Piúma, Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy –, o que favorece as atividades portuárias, de exportação e exploração do petróleo. A densidade demográfica da região é de 62,3 hab./km². Os municípios de maior extensão territorial são, nesta ordem, Alfredo Chaves, Presidente Kennedy e Itapemirim, assim como também são os municípios que apresentam menor densidade demográfica.
  • O PIB da microrregião Litoral Sul corresponde a 8,34% do PIB estadual. Quanto ao PIB por setor, destacam-se as atividades de serviços, com 49%, seguido pela indústria, com 41%, a agropecuária, com apenas 6%, e, por fim, impostos líquidos de subsídios sobre produtos, com 4%. O PIB per capita da microrregião Litoral Sul é de R$ 39.679,09, considerado alto se comparado ao do estado do Espírito Santo (R$ 27.487,45). O município de Presidente Kennedy destaca-se por apresentar, de forma significativa, o maior PIB per capita da microrregião, com R$ 169.012,45, seguido pelos municípios de Itapemirim (R$ 57.370,27) e Marataízes (R$ 29.171,51), nesta ordem. O menor PIB per capita da região refere-se ao município de Rio Novo do Sul, com R$ 15.855,76.
  • A receita líquida da microrregião do Litoral Sul é de R$ 7.394,92, sendo que a receita líquida do Espírito Santo é de R$ 2.524,19. Se considerado o contexto dos municípios que compõe a microrregião, temos a maior receita líquida per capita concernente ao município de Presidente Kennedy, com R$ 30.313,26, seguido por Itapemirim (R$ 10.088,14) e Anchieta (R$ 8.635,19). 1 O Índice Firjan de Emprego e Renda na microrregião Litoral Sul é classificado de regular desenvolvimento (de 0,4 a 0,6) para maior parte dos municípios. O maior índice refere-se ao município de Itapemirim, com 0,592, seguido pelos municípios de Presidente Kennedy e Iconha, com 0,575 e 0,462, respectivamente. Vale observar que Rio Novo do Sul é o município que apresenta os piores resultados da região para os seguintes indicadores: PIB per capita (R$ 15.855,76), Índice Firjan de Emprego e Renda (0,355) e receita líquida per capita (R$ 2.643,11).
  • A maioria dos municípios da microrregião Litoral Sul apresenta Índice Firjan de Saúde considerado de alto desenvolvimento (escala de 0,8 a 1), com exceção dos municípios de Anchieta e Piúma, com índices moderados de Saúde (de 0,6 a 0,8). Os maiores índices referem-se aos municípios de Alfredo Chaves (0,915), Presidente Kennedy (0,898) e Iconha (0,895). O município de Piúma apresenta o menor índice, com 0,771. Quanto ao Índice Firjan de Educação, o município de Iconha apresenta o maior índice com 0,929, seguido pelos municípios de Rio Novo do Sul e Alfredo Chaves, respectivamente com 0,899 e 0,883. O menor índice Firjan de Educação é do município de Marataízes, com 0,791.
  • O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), que mensura o desenvolvimento humano com base em três dimensões – longevidade, escolaridade e renda –, é de 0,740 no Espírito Santo, considerado de alto desenvolvimento humano. Entretanto, o IDHM da maioria municípios que compõem a Litoral Sul varia entre 0,654 e 0,730, o que revela um IDHM de médio a alto desenvolvimento para a microrregião. O município de Anchieta apresenta o maior IDHM, com 0,730, seguido por Iconha e Piúma, com 0,729 e 0,727, respectivamente. Portanto, estes três municípios apresentam um IDHM de alto desenvolvimento. O menor IDHM é do município de Itapemirim, com 0,654. 3 O Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) é mensurado com base em três dimensões: Infraestrutura Urbana, Capital Humano, Renda e Trabalho. O indicador auxilia no enfrentamento das desigualdades e oportunidades. O Espírito Santo apresenta um IVS baixo, de 0,274, o que significa dizer que o estado apresenta baixa vulnerabilidade (de 0,200 a 0,300). Os oito municípios da região apresentam IVS variando entre 0,168 a 0,311, o que caracteriza um IVS baixo para toda a microrregião, ou seja, municípios com baixa vulnerabilidade (de 0,200 a 0,300). O IVS mais baixo corresponde ao município de Iconha, com 0,168, seguido pelos municípios de Anchieta (0,208) e Alfredo Chaves (0,209). O IVS mais alto é do município de Presidente Kennedy com 0,311, indicando que o município é o mais vulnerável da microrregião Litoral Sul.
  • Quanto ao atendimento dos serviços básicos de saneamento na microrregião, foram considerados três serviços básicos: abastecimento de água por rede pública, coleta de lixo e coleta de esgoto. O atendimento dos serviços na microrregião Litoral Sul ainda não está universalizado para abastecimento de água, coleta de lixo e coleta de esgoto. O serviço de abastecimento de água atinge 73% da população, e a coleta de lixo atende 87% da população regional. Entretanto, a coleta de esgoto apresenta um baixo percentual de atendimento, com apenas 32% da população atendida. Se comparados com o estado, verifica-se que os indicadores de saneamento da Litoral Sul estão abaixo dos percentuais do Espírito Santo relativos ao abastecimento de água (77%) e, em especial, a coleta de esgoto (61%). Entretanto, a coleta de lixo na microrregião (87%) apresenta um percentual de atendimento superior ao do Espírito Santo (81%). Observa-se que o município de Piúma apresenta o maior percentual de cobertura da microrregião em todos os serviços: abastecimento de água (99,93%), coleta de lixo (99,65%) e coleta de esgoto (86,13%). Quanto aos menores percentuais de atendimento nos três serviços de saneamento, temos Alfredo Chaves, com 47,66% no abastecimento de água; Presidente Kennedy, com 79,53% na coleta de lixo; e Itapemirim, com apenas 11,27% na coleta de esgoto.
[fontes: IJSN, com dados de população atualizados com dados do IBGE 2022]