O surgimento e histórias de Linhares, Rio Bananal e Sooretama!
Ouça detalhes na participação do comentarista Rafael Simões

"Espírito Santo: Que História É Essa" I Episódio 8. Crédito: Arte I A Gazeta
Nesta edição do "Espírito Santo: Que História É Essa?", o destaque vem da microrregião 7 (Rio Doce) do Espírito Santo: Linhares, Rio Bananal, Sooretama. Vamos às histórias com a participação do comentarista Rafael Simões.
Linhares:
Gentílico: Linharense
A vigilância ao tráfico de ouro através do Rio Doce é que deu origem ao Povoado de Coutins, onde, em 1800, foi implantado o Quartel Militar, com o mesmo nome, que fazia a proteção da navegação do rio Doce. Os indígenas do grupo Botocudos, nação Gês ou Tapuias, primeiros donos da terra, resistiam tenazmente a qualquer colonização branca na área e assim o fizeram, até que armas superiores às suas os dizimaram totalmente.
Naquela época toda área da região era coberta pela Mata Atlântica, que aos poucos, e no decorrer de um século, foi devastada dando lugar a povoamentos, pastoreio e agricultura.
O primeiro povoado foi inteiramente destruído por ataques dos botocudos. E em 1809, outro povoado foi levantado no mesmo lugar, recebendo o nome de Linhares, em homenagem a D. Rodrigo de Souza Coutinho, o Conde de Linhares. O povoado ficava situado num platô em forma de meia-lua, às margens do Rio Doce. No leste e no oeste do povoado ficavam situados dois quartéis militares para avisar a população de prováveis ataques dos indígenas: um quartel estava situado onde hoje é o Bairro Aviso (daí o nome). O outro, localizava-se nas proximidades de onde fica hoje o Colégio Estadual.
Em 1819, é feita, por ordem de Francisco Alberto Rubim, uma “Vista e Perspectiva do Povoado de Linhares”, e nela, vê-se também a Primeira Igreja, construída sob o patrocínio de Rubim. O povoado foi construído em volta de uma praça quadrada (atual Praça 22 de Agosto), que guarda até hoje seu traçado original. Nessa praça que os índios dançavam e cantavam no passado.
Em abril de 1833, em execução a uma Provisão de Paço Imperial o Povoado é elevado a condição de Vila, sendo sede do município do mesmo nome – Linhares – sob a proteção de N. S. da Conceição. Provisão de Paço corresponde, hoje, a um decreto do Presidente da República. Em 22 de agosto do mesmo ano, realizou-se a primeira sessão solene da Câmara de Vereadores do Município de Linhares, dando início a sua vida político – administrativa. Nessa época, o Brasil era Império, o Espírito Santo uma Província, e era Vila, a sede dos municípios; não existindo Prefeito, os municípios eram administrados pela Câmara de Vereadores.
O território do município de Linhares abrangia os que são hoje os municípios de Linhares, Rio Bananal, Colatina, Baixo Guandu, Pancas, São Gabriel da Palha, Sooretama e partes de Ibiraçu, Santa Tereza e Itaguaçu. No final do século XIX, a Vila de Linhares entra em decadência e o povoado de Colatina, que pertencia ao município de Linhares, conhece rápido crescimento graças à colonização italiana com o plantio de café e a inauguração dos trilhos da Estrada de Ferro Vitória – Minas. Assim, por decreto de 30 de dezembro de 1921, ficou criado o município de Colatina, englobando a vila e o antigo município de Linhares. Esse fato contribuiu mais ainda com a decadência de Linhares verificada durante os 22 anos seguintes.
Em 1930, começam a chegar em Linhares os trabalhos de abertura de uma estrada, ligando-a a Vitória, para o sul e depois, ao norte, até São Mateus. Este fato, somado ao trabalho de linharenses junto ao Governo do Estado, faz com que a situação se transforme. No dia 31 de dezembro de 1943, por decisão do Governo do Estado, o município de Linhares foi restabelecido e desligado do município de Colatina. O fato foi muito festejado pelos linharenses, que passam a contar com seu primeiro prefeito nomeado: Dr. Roberto Calmon.
Rio Bananal:
Gentílico: Ribanense
Por volta de 1929, os primeiros colonizadores, Pedro Ceolin, Pedro Rizzo, Abramo Caliman e Alcides Siqueira Campos, oriundos de Marilândia, vieram em busca de terras férteis e devolutas, internaram-se na floresta virgem e, seguindo o curso do rio que chamaram de Rio Bananal, pela existência de alguns pés de banana à sua margem, chegaram à confluência deste rio com o Rio Iriritimirim, onde fundaram o núcleo de Santo Antônio do Bananal e iniciaram o cultivo agrícola na região.
Em 1933 chega ao município o primeiro padre, Pe. Aníbal, que reúne toda a população para celebrar a primeira missa. Dois anos mais tarde, a visita de Pe. Geraldo faz nascer no pequeno povoado o desejo de construir uma capela. Mais tarde, em 1937, outro grupo, formado por Egídio Venturim, Luiz Endringer e João Casagrande, chegando à região, fundaram o núcleo de São Sebastião do Bananal, que, posteriormente, junto com o de Santo Antônio, viriam constituir a sede do atual município.
Para qualquer emergência ou mesmo para buscar suprimentos, os moradores se deslocavam até Colatina, que era o povoado mais desenvolvido. Tempos mais tarde, seguiam até as margens da Lagoa Juparanã onde atravessavam em canoas para chegar à Linhares. O incremento da agricultura e a ação religiosa dos padres Pavonianos contribuíram, de forma decisiva, para o progresso da região que, através da Lei n° 265 de 22 de outubro de 1949, foi elevada à categoria de distrito, com a denominação de Rio Bananal, subordinado ao município de Linhares.
Em 19 de abril de 1950 esse fato foi comunicado à população pelas lideranças locais. O novo distrito estava constituído pelos povoados de Santo Antônio e São Sebastião.
Em 1963 o desejo de progresso desencadeou na população a tentativa de transformar o distrito em município. Porém, o pedido foi rejeitado. Em 1975 o sonho de desmembrar de Linhares volta a motivar a população. O projeto de Lei n° 155/75 é aprovado, com o nome de Município de Nova Fátima. O projeto foi arquivado por ultrapassar o prazo constitucional estabelecido para a consulta popular.
Em abril de 1979 é solicitado o desarquivamento do processo e em junho do mesmo ano a Assembleia Legislativa autoriza a realização do plebiscito, que acontece em 19 de agosto de 1979.
No dia 14 de setembro de 1979 o distrito é elevado à categoria de município, pela Lei n° 3293 de 14 de setembro de 1979. O ato de emancipação foi assinado pelo Governador Eurico Vieira de Rezende, no pátio do Seminário em Rio Bananal. Na divisão territorial datada de 1º de junho de 1995, o município é constituído de dois distritos: Rio Bananal e São Jorge de Tiradentes, assim permanecendo até a atualidade.
Sooretama:
Gentílico: Sooretamense
Na década de 40, começou a surgir um pequeno povoado ao norte do município de Linhares. Os primeiros moradores dos quais se tem notícia foram Passos Costa e Manoel Crescêncio dos Santos. Com o passar do tempo, o povoado passou a ser chamado de Córrego Manoel Alves. Em 1950, houve uma grande estiagem que atingiu toda a região Norte do Estado, quando quase todos os córregos secaram, menos o Córrego Manoel Alves, que, por ser um rico manancial, saciava a sede de todos os viventes locais. Foi a partir daí que surgiu o nome Córrego D’água, que passou depois a distrito de Linhares.
Já na década de 80, surgiram os primeiros rumores de uma possível emancipação. Mas somente em 1990 um pequeno grupo, muito insistente, resolveu formar uma comissão para que tivesse início o processo. No dia 18 de março desse mesmo ano aconteceu o primeiro plebiscito, que não foi válido, pois o número de eleitores que compareceram às urnas foi inferior a 50%. Menos de 30 dias depois, foi realizado o segundo plebiscito e mais uma vez o povo não compareceu às urnas. O pequeno grupo insistia, pois acreditava que o desmembramento de Córrego D’Água do município de Linhares só poderia trazer benefícios.
Após muitas idas e vindas da comissão à Assembleia Legislativa, na capital, houve a tão esperada modificação na lei, permitindo que o próximo plebiscito tivesse validade independentemente do número de eleitores que comparecessem às urnas. A partir daí, toda a população, a favor, mobilizou-se e trabalhou inspirada na frase que ficou na história: “Eu quero Sooretama, quero sim”.
No dia 13 de março de 1994, foi realizado o terceiro e último plebiscito para a emancipação e no dia 31 de março de 1994, através da Lei Estadual nº 4.893, sancionada pelo Governador Albuíno Azevedo, nasceu o Município de Sooretama, desmembrado de Linhares.
Em 03 de outubro de 1996, realizou-se a primeira eleição para prefeito, vice-prefeito e vereadores. Foram eleitos o Prefeito Esmael Nunes Loureiro, o Vice – Prefeito Antônio Maximiano dos Santos e os Vereadores Paulino Irineu Broedel, Nelcy Correia, David Hupp, Geraldo do Livramento, Luiz Fernando Gouvêa, Francisco de Assis Bittencourt, Jair Fabres Pinto, José Elias Ferreira e Moacir Camiletti.
O nome Sooretama originou-se da Reserva Biológica que ficou pertencendo ao novo município e que, em tupi-guarani, significa habitat de animais silvestres, com uma área de 587,03 quilômetros quadrados.
Sooretama destaca-se internacionalmente por concentrar em seu território a Reserva Biológica de Sooretama (reconhecida pela Unesco como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica) e, nacionalmente, por abrigar parte da Lagoa Juparanã, cuja nascente está localizada no Patrimônio Comendador Rafael. Nesse local, no ano passado, a Prefeitura iniciou a construção de um balneário com infraestrutura para atender às necessidades básicas dos turistas. A Lagoa Juparanã, após pesquisa solicitada pelo município de Linhares, foi considerada a maior lagoa em volume de água doce do país e a segunda em extensão, perdendo somente para a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.
[fontes: sites das prefeituras, Câmaras municipais e Wikipédia]