Qualidade do gengibre capixaba vira trunfo para superar tarifaço dos EUA
Ouça a reportagem especial que aponta os motivos pelos quais toda a cadeia no gengibre do Espírito Santo mantém o otimismo
-
Murilo Cuzzuol
mcuzzuol@redegazeta.com.br
Roberto Tesch produz o gengibre na propriedade da família juntamente com a esposa Eliana, a filha Larissa, e também o filho Robert, que divide o cultivo com o trabalho na cooperativa. Crédito: Ricardo Medeiros
O Espírito Santo é o maior produtor nacional de gengibre e Santa Leopoldina é o município onde mais se planta e colhe o produto, que tem o mercado externo como o grande comprador. Desde que o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos entrou em vigor no começo de agosto, produtores capixabas agilizaram as buscas por novos mercados, visto que o país norte-americano era até então, um dos grandes importadores – cerca de 30% da produção de gengibre era exportada para a principal potência econômica do mundo.
Apesar da perda repentina de um dos principais mercados, toda a cadeia envolvida segue confiante em uma retomada das exportações aos EUA. Enquanto isso não acontece, eles se apegam a uma característica mundialmente reconhecida do gengibre capixaba: a qualidade.
Entre os principais produtores, estão China e Peru, porém é apenas no Brasil, mais precisamente em Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá e Domingos Martins, que se colhe o melhor gengibre do mundo, o que segue atraindo a atenção de compradores de outros continentes.
Sem os Estados Unidos, a produção excedente aos poucos é escoada especialmente para a Europa, principal mercado consumidor, porém outros países já se interessam pelo gengibre capixaba.
A Coopginger, em Santa Leopoldina, é a primeira cooperativa dedicada ao gengibre no Brasil e tem aproximadamente 200 famílias cooperadas. Crédito: Ricardo Medeiros
Dubai, nos Emirados Árabes, é um exemplo. Recentemente, a primeira cooperativa brasileira dedicada exclusivamente ao produto, a Coopginger (Cooperativa dos Produtores de Gengibre da Região Serrana do Espírito Santo), realizou o primeiro envio de um contêiner para lá.
Nesta reportagem, você entenderá como os envolvidos na produção e exportação do gengibre atuam diante deste cenário desafiador, ao mesmo tempo em que se abrem novas portas ao gengibre capixaba através de prospecção de potenciais compradores e apresentação das potencialidades do que é produzido em solo capixaba.
Além disso, nesta reportagem especial é possível entender como o gengibre é importante para os pequenos produtores, já que 90% de tudo o que é produzido no Estado é proveniente da agricultura familiar. Apenas na cooperativa são quase 200 famílias que entregam semanalmente o produto no galpão da Coopginger.
A renda gerada nas propriedades rurais chegou perto dos R$ 300 milhões de reais em 2023, segundo a Gerência de Dados e Análises da Secretaria Estadual de Agricultura (Seag), com base em levantamento do IBGE, Painel Agro e Incaper. A expectativa para 2025 é colher cerca de 80 mil toneladas, três mil a mais do que foi colhido no ano anterior.
O gengibre é um dos principais produtos do agro capixaba, sendo cultivado majoritariamente por pequenos agricultores . Crédito: Ricardo Medeiros