Conheça: Itapemirim, Marataízes, Presidente Kennedy e Rio Novo do Sul
Ouça a participação do comentarista Rafael Simões

Nesta edição de "Espírito Santo: Que História É Essa?", com o comentarista Rafael Simões, o destaque vem da microrregião 4, Litoral Sul do Estado:
Itapemirim, Marataízes, Presidente Kennedy e Rio Novo do Sul. Vamos às histórias:
Itapemirim:
Gentílico: Itapemirinense
O Município de Itapemirim, anteriormente à criação do município de Cachoeiro de Itapemirim, abrangia todo o sul do estado do Espírito Santo até a fronteira com Minas Gerais. O município ocupa justamente a região do baixo rio Itapemirim, que com seu afluente, o rio Muqui do Norte, tem importância decisiva na vida sócio econômica da região. A mais antiga referência sobre povoamento da região do atual município de Itapemirim remonta a 1539, quando Pedro da Silveira estabeleceu-se próximo a foz do Itapemirim com uma fazenda.
A região, entretanto permaneceu até ao século XVIII, sem nenhuma maior ocupação. Somente após o célebre ataque dos indígenas Puris, em 1771, que os mineradores da região da Serra do Castelo, em fuga, vieram, em parte se estabelecer na foz do Rio Itapemirim. Dois destes mineradores, Pedro Bueno e Capitão Baltazar Caetano Carneiro, adquiriram os direitos de Inácio Cacundo a uma fazenda, com engenho de açúcar, que fora fundado em torno de 1700 por Domingos de Freitas Bueno Caxangá. Esta propriedade, denominada Fazendinha, localizava-se onde é a cidade de Vila de Itapemirim. Entre os fugitivos dos puris estava o vigário do Arraial de Santa Ana de Castelo padre Antônio Ramos e Macedo que trouxe para a então capela da Fazendinha as imagens de Nossa Senhora da Conceição, São Benedito, a pia batismal e o sino que serviram para a nova paróquia, depois dedicada a Nossa Senhora do Amparo.
A região progrediu com o surgimento de novas fazendas, a concessão de sesmarias e a legalização das propriedades, no período final do século XVIII e início do século XIX. Toda vida econômica baseava-se na cultura da cana e na produção de açúcar e aguardente. O progresso tornou-se tal que, pelo Alvará de 27 de junho de 1815, foi criado o município de Vila de Itapemirim, sendo o patrimônio da Câmara demarcado pelo Ouvidor José Libano de Souza, numa área de meia légua quadrada e instalada a 9 de agosto de 1815. Nesta época havia nove engenhos de açucar desde a foz do Rio Itapemirim até as cachoeiras onde hoje fica a cidade de Cachoeiro de Itapemirim.
Eramales: Aguapé, barra Seca, Areia, Boa Vista, Cutia, Paineiras, Poço grande e São Gregório da Ribeira, população da região atingiu em 1824, 2.332 habitantes, sendo 1.184 livres escravos vivendo em 227 habitações. A importância da região devia-se aos seguintes fatores: grandes propriedades agrícolas produtoras de cana-de-açúcar e posição estratégica da Vila de Itapemirim, que além de servir de porto escoadouro da produção, situava-se no encontro entre a chamada Estrada Geral, que unia pelas praias de Vitória ao Rio de Janeiro, e a ligação com o interior, especialmente com a estrada do Rubim na Serra do Castelo. Em 1828, a Vila de Itapemirim possuía apenas duas lojas de fazendas e três de mantimentos e bebidas, havendo uma escola de primeiras letras com doze alunos.
O progresso regional estava intimamente ligado a produção de cana-de-açúcar e aguardente. Este trabalho agrícola exigia mão-de-obra escrava que nem sempre era pacíficas ordens e os tratos recebidos. Exemplo disso foi o levante de escravos de 1831 que atingiu grandes proporções. Mesmo após a lei que proibia o tráfico de escravos, tentou-se em Itapemirim o desembarque deles, em 1851 e 1852, com os navios negreiros Sociedade Feliz e Segundo, respectivamente, que foram rendidos. O Barão de Itapemirim era acusado de ser o principal protetor dos traficantes de negros escravos do Espírito Santo. Uma estatística de 1851 mostra o poderio econômico de Itapemirim. Nesta fase máxima, em seu território, produzia-se mais da metade de todo o açúcar de aguardente do Espírito Santo. Havia 22 engenhos com 1.348 escravos produzindo 78.700 arrobas de açúcar, 12 estabelecimentos produzindo 622 pipas de aguardente, além de 13 grandes fazendas, com 415 escravos rendendo18.600 arrobas de café. Este notável desenvolvimento econômico, produzido pelo cultivo de cana-de-açúcar, resultou no período de maior projeção do Município de Itapemirim, que foi entre 1850 e 1870.
Já em 1852 o porto de Itapemirim era ligado por navegação regular a vapor com Anchieta (Benevente), Guarapari, Vitória, Santa Cruz, São Mateus, Caravelas (BA) e exportava principalmente o açúcar, a aguardente e o café da região. Desde o período são grandes os casarões de fazenda, hoje desaparecidos em quase toda sua totalidade, inclusive o que tinha forma de Castelo da Fazenda Santo Antônio de Muqui, pertencente ao Barão de Itapemirim. São desta época também os casarões que enriqueceram a paisagem urbana da Vila de Itapemirim e a Igreja de Nossa Senhora do Amparo, que é a terceira construída no local. Precedeu-a a antiga capela da Fazendinha que durou até 1815, quando o Presidente da Província Francisco Alberto Rubim iniciou a construção da Segunda que logo ficou superada pelas necessidades e exigências da vila que progredia.
Boa parte das construções na Vila de Itapemirim tiveram como material as pedras que vinham nos navios, servindo de lastro, que eram despejadas para dar lugar ao açúcar para embarcar. Com a decadência do açúcar, pelo aviltamento nacional de seus preços, surgiu no interior do Vale de Itapemirim e provocou a emancipação, a 25 de março de 1867. O município de Itapemirim ficou reduzido a uma breve faixa costeira. Assim, iniciou-se um processo lento, mas contínuo de decadência, pois o açúcar já não mais tinha grande representação econômica e a região do café, que gerava riqueza, ficou toda anexada ao novo município de Cachoeiro de Itapemirim. Em 1871 havia no município de Itapemirim 4.680 habitantes livres e 2.013 escravos. No ano seguinte, em função da necessidade de exportar o café produzido no interior, o capitão Hanrique Deslandes teve a concessão para explorar a navegação a vapor entre o porto de Itapemirim e Cachoeiro. Esta navegação iniciou-se em 3 de abril de 1876, com quatro vapores acrescida posteriormente de mais quatro outros, sendo um exclusivo de passageiros.
A navegação do Rio Itapemirim prosseguiu, com algumas dificuldades até que em 1881, o Capitão Deslandes transferiu ao Português Simão Rodrigues Soares a concessão. Nesta nova fase, com a subvenção oficial de 18 contos de reis por ano, restabeleceu-se, ampliou-se a navegação, que atingiu também portos vizinhos e fez desenvolver no porto da barra de Itapemirim um novo centro urbano, a Barra de Itapemirim, com imponência do Trapiche, construído em 1866, e de outros casarões e igrejas do final do século. Mas a região empobreceu e servia apenas de entreposto comercial para o interior que sucessivamente aumentava sua produção cafeeira. No governo de Muniz Freire (1892 a 1896) foi feito um contrato para estabelecer um engenho central em Itapemirim, entretanto somente no Governo Jerônimo Monteiro (1908 a 1912) houve a efetivação de medida, com a criação da Usina Paineiras, destinada a modernizar e ampliar a produção de açúcar, substituindo os velhos e antieconômicos engenhos.
No início do século, com o desmatamento do vale, o Rio Itapemirim começou a apresentar sérias dificuldades para a navegação devido ao assoreamento de seu leito. Também, nesse período, iniciou-se a construção da Estrada de Ferro Itapemirim, que ligava o Porto da Barra do Itapemirim até a Usina Paineiras e, posteriormente (1920), de Paineiras até Cachoeiro. Com a ligação ferroviária de Cachoeiro de Itapemirim ao Rio de Janeiro (1903) a Vitória (1910) e o assoreamento da foz do rio, o porto da Barra de Itapemirim, que era o principal e único fator de riqueza no município foi desativado. Itapemirim também servia de entreposto da Colônia do Rio Novo e a ela era ligado por um canal artificial, denominado Canal do Pinto, construído pelo engenheiro Pinto. Este canal perdeu sua função a partir da construção da Estrada de Ferro do Litoral, em 1928, que ligava Rio Novo do Sul a Paineiras, e da Estrada de Ferro Itapemirim. Entretanto, com a abertura rodoviária ligando Cachoeiro ao Rio de Janeiro e à Vitória, via Rio Novo, a Estrada de Ferro do litoral perdeu sua razão de ser e foi extinta.
Consequentemente, o Município de Itapemirim ficou isolado do desenvolvimento até que muito recente, com as aberturas de vias de comunicação (estradas), houve sua reintegração ao progresso regional.
Marataízes:
Gentílico: Marataizense
Marataízes partilha sua origem histórica com o município de Itapemirim, cujo povoamento se iniciou em 1539, quando Pedro da Silveira estabeleceu fazenda perto da foz do rio Itapemirim. Em 1700 chegavam da Bahia, Domingos Freitas Bueno Caxangá, Pedro Silveira e outros, que se ocuparam da cultura da cana-de-açúcar, dando continuidade à construção do povoado.
Em 1771, quando os índios Puris atacaram as Minas do Castelo (atual município de Castelo), seus moradores se refugiaram na foz do rio Itapemirim, fundando, naquele local, a Freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio, hoje Barra do Itapemirim. Devido às facilidades de transporte e à segurança oferecida pelo ancoradouro interno a pequenas embarcações, a Freguesia progrediu rapidamente. Foi, sem dúvida, o ponto de partida de toda a colonização do Sul do Espírito Santo. O Porto da Barra do Itapemirim era a porta de saída de produtos da terra e a entrada dos primeiros colonizadores. Pela Barra do Itapemirim entraram homens e as máquinas, o progresso, a civilização, a cultura e a arte. Pelo porto entraram os vagões da Estrada de Ferro e saiu toda a produção de açúcar, aguardente e café, que já em 1852 era superior a cem mil arrobas, ou seja, mil e quinhentas toneladas.
Em 1º de agosto de 1887 foi inaugurada a iluminação pública na Barra do Itapemirim, a querosene. Em 1901 o engenheiro Emílio Stein iluminou sua oficina e o Trapiche com energia elétrica gerada por um dínamo movido a vapor. Foi a primeira usina elétrica do Estado.
O velho “Trapiche”, que é um precioso patrimônio arquitetônico da segunda metade do século IXX, construído pelo Barão de Itapemirim entre 1860 e 1883, com a finalidade de armazenar os produtos agrícolas e colaborar com o desenvolvimento das atividades portuárias, dando suporte para a exportação de produtos, traduz um ‘algo mais’ da história da origem de Marataízes. No local também estava instalado o escritório da Coletoria Estadual de Impostos. Com a construção da Estrada de Ferro Leopoldina, e depois estradas de rodagem, o Trapiche foi caindo em desuso, até ser desativado nos anos 50. Hoje só restam as ruínas, tombadas pelo tempo. Outras construções que retratam parte de sua história são as do Palácio das Águias, do século IXX e da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, do século XVIII.
O município foi criado em 14 de janeiro de 1992, pela Lei Nº. 4.619 e instalado em 10 de janeiro de 1997, desmembrando-se de Itapemirim. Marataízes é conhecida turisticamente como a “Pérola Sul Capixaba”.
Acredita-se que o nome “Marataízes” tem sua origem da língua tupi-guarani, com o significado “água que corre para o mar”, graças à grande quantidade de lagoas que vão de encontro ao mar.
Mas é comum ouvirmos diversas lendas indígenas, como a da índia Ísis que ao morrer provocou uma euforia e tristeza na tribo, fazendo com que os demais índios gritassem a frase “Mataram Ísis” e, ainda, a da índia Taís, que recebera como presente de seu pai, chefe da tribo, a praia que habitava, daí, “Mar Taís”. Outra versão é de que o nome se origina de uma função da linguagem e da religião utilizada pelos negros que aqui habitavam e tinham como dialeto a língua “marata”, das tribos africanas “bantos”, e que veneravam a deusa Ísis, protetora das famílias.
Marataízes é terra de nascimento do herói capixaba e líder na Revolução Pernambucana Domingos José Martins, que em 1817 já pretendia a independência do Brasil.
Domingos José Martins nasceu em 9 de maio de 1781, em Caxangá, localidade do então município de Itapemirim que mais tarde veio a ser conhecida como Quartéis, região que hoje compreende uma área entre a Praia dos Cações e Boa Vista, ao Sul de Marataízes.
Representa para o Espírito Santo o que Tiradentes representa para Minas Gerais. Viveu na Europa e ao retornar ao Brasil incorporou-se às lutas ela independência de Portugal. Em 1817 foi preso em recife onde acabou sendo condenado à morte. Morreu fuzilado em 12 de junho de 1817, na Bahia. Suas últimas palavras, ante o pelotão de fuzilamento, foram “Viva a Liber...”.
Presidente Kennedy:
Gentílico: Kennedense
A trajetória histórica da localidade remonta ao ano 1581, quando, vindo do Rio de Janeiro, o padre José de Anchieta construiu uma igreja de madeira na Planície de Muribeca, às margens do rio Itabapoana. Até então, a região era habitada por indígenas Puris e Botocudos.
Anchieta instalou ainda residência, oficinas, enfermaria, horto, pomar, criadouro de peixe, casa de farinha e usina de açúcar. Mais de um século depois, outro jesuíta, padre André de Almeida, instituiu nas imediações da igreja a Fazenda Muribeca, legalizada em 1702.
A propriedade tinha 9 léguas e meia de frente por 8 léguas e meia de fundo e foi uma das maiores fazendas pecuárias do Brasil, abrangendo sul do Espírito Santo e norte do Rio de Janeiro, até a região de Campos dos Goytacazes-RJ.
A Igreja das Neves foi construída em meados do século XVII onde havia a igreja de madeira. Por volta de 1694, com ajuda de indígenas catequizados e escravizados, o novo templo foi erguido. A imagem de Nossa Senhora das Neves veio de Portugal em 1750.
O território de Presidente Kennedy foi desmembrado de Itapemirim com a emancipação em 30 de dezembro de 1963 através da Lei Estadual nº 1918. A lei estadual de criação/fundação da cidade entrou em vigor no dia 4 de abril de 1964, assim conseguindo a sua autonomia administrativa, a chamada emancipação política.
O município se chamaria Batalha, mas com o assassinato do presidente norte-americano John F. Kennedy, fato que abalou o mundo, o deputado estadual Adalberto Simão Nader tomou a iniciativa de sugerir que se homenageasse o político que criou a Aliança para o Progresso, programa de ajuda aos países do 3º Mundo.
Rio Novo do Sul:
Gentílico: Novense-do-Sul ou Sul-rio-novense
A sua história teve início a partir de 30 de Dezembro de 1854, quando foi fundada a Colônia de Rio Novo, por meio de uma Associação organizada pelo Major Caetano Dias da Silva, e que tinha a sua sede no Rio de Janeiro, e da qual era presidente. Obteve, do Governo, concessão, nessa zona, dos terrenos devolutos, compreendidos no chamado 1.º Território, que depois foram divididos em lotes e vendidos a prazo a colonos estrangeiros, que para aqui vieram, para povoá-los.
O 1.º Território compreendia as seções – Capim Angola, Deserto, Mundo Novo, Pau D’Alho, São Caetano, Santa Cruz, Santa Rita e São Vicente. Essas seções eram denominadas quarteirão.
Quando o Major Caetano adquiriu, por concessão, o 1.º Território, já existia uma posse, que foi encontrada e respeitada – a posse do Sales. A Associação da qual Major Caetano era Presidente denominava-se – Associação Major Caetano, e estava a cargo do Conde de Condeixa, seu amigo íntimo, o qual muito o auxiliou na fundação da colônia de Rio Novo.
O Major Caetano Dias da Silva era cidadão português. Era grande fazendeiro em Itapemirim, proprietário da fazenda denominada Limão. Essa fazenda possuía engenho para fabricação de açúcar, movido a vapor. Fabricava, ainda, na fazenda, alcatrão e vinagre, extraídos da madeira. Para colonizar essas terras, o Major Caetano Dias da Silva foi buscar, ele mesmo, colonos estrangeiros de diversas nacionalidades: Suíços, belgas, holandeses, franceses, italianos, alemães e austríacos.
Em dezembro de 1856 chegaram, à colônia de Rio Novo. 12 famílias de colonos suíços, compostas de 90 pessoas. Decorridos 4 anos, a metade dessas pessoas se encontrava doente ou havia falecido. A causa principal era a insalubridade reinante e a falta de recursos médicos e farmacêuticos, pois, nos casos de doença, não havia médico para socorrer os necessitados de tratamento. Havia, ainda, a dificuldade de transportes aos centros abastecedores.
Em 1875 vieram para a Colônia colonos italianos – tiroleses. Também vieram alguns chineses. O início do desbravamento da então Colônia do Rio Novo se deu na localidade denominada Pau D’Alho, cujas terras eram banhadas pelo Rio Novo e alguns afluentes. A sede da Colônia foi localizada e estabelecida à margem desse rio.
A 23 de novembro de 1893, pelo Decreto n.º 30, era criada a Vila de Rio Novo, elevado, portanto à categoria de Município. A instalação oficial se verificou no dia 06 de janeiro do ano seguinte – 1894. O município de Rio Novo, pela Lei n.º 9941, de 11 de novembro de 1938, estadual, teve o nome mudado para Itapoama, atendendo disposições contidas no Decreto – Lei n.º 311, de 02 de março de 1938, federal.
As autoridades municipais e a população do município de um modo geral, não se conformaram com essa medida, a mudança do nome, do município, e, assim, em consequência de uma exposição encaminhada, ao Governo do Estado, em setembro de 1953, pela Prefeitura Municipal, quando uma Comissão Revisora do Estado preparava mensagem para ser encaminhada à Assembleia Legislativa, o Município passou a se denominar Rio Novo do Sul. Isto pela Lei n.º 779, de 29 de dezembro de 1953, o que passou a vigorar a 1.º de janeiro de 1954. Essa lei procedeu a uma revisão geral em todos os municípios do Estado do Espírito Santo e foi publicada no “Diário Oficial” do Estado n.º 8672, de 30 de dezembro de 1953.
fontes:
Rio Novo do Sul (Opúsculo) - Dr. Miguel Hemerly Elias - Espírito Santo - Brasil - 1ªEdição – 2004 I sites das prefeituras, Câmaras municipais, Wikipédia]
Informações sobre a Microrregião 4 – Litoral Sul:
A microrregião Litoral Sul é composta por oito municípios, a saber: Alfredo Chaves (13.836), Anchieta (29.984), Rio Novo do Sul (11.069), Iconha (12.326), Piúma (22.300), Itapemirim (39.832), Marataízes (41.929) e Presidente Kennedy (13.696). A região ocupa 6,05% do território estadual e apresenta uma população estimada em 184.972 habitantes (IBGE, 2022), o que representa cerca de 4,3% da população total do estado. Os municípios de maior população são Marataízes, Itapemirim e Anchieta, nesta ordem. A região possui cinco municípios litorâneos que fazem limite com o Oceano Atlântico – Anchieta, Piúma, Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy –, o que favorece as atividades portuárias, de exportação e exploração do petróleo. A densidade demográfica da região é de 62,3 hab./km². Os municípios de maior extensão territorial são, nesta ordem, Alfredo Chaves, Presidente Kennedy e Itapemirim, assim como também são os municípios que apresentam menor densidade demográfica.
O PIB da microrregião Litoral Sul corresponde a 8,34% do PIB estadual. Quanto ao PIB por setor, destacam-se as atividades de serviços, com 49%, seguido pela indústria, com 41%, a agropecuária, com apenas 6%, e, por fim, impostos líquidos de subsídios sobre produtos, com 4%. O PIB per capita da microrregião Litoral Sul é de R$ 39.679,09, considerado alto se comparado ao do estado do Espírito Santo (R$ 27.487,45). O município de Presidente Kennedy destaca-se por apresentar, de forma significativa, o maior PIB per capita da microrregião, com R$ 169.012,45, seguido pelos municípios de Itapemirim (R$ 57.370,27) e Marataízes (R$ 29.171,51), nesta ordem. O menor PIB per capita da região refere-se ao município de Rio Novo do Sul, com R$ 15.855,76.
A receita líquida da microrregião do Litoral Sul é de R$ 7.394,92, sendo que a receita líquida do Espírito Santo é de R$ 2.524,19. Se considerado o contexto dos municípios que compõe a microrregião, temos a maior receita líquida per capita concernente ao município de Presidente Kennedy, com R$ 30.313,26, seguido por Itapemirim (R$ 10.088,14) e Anchieta (R$ 8.635,19). 1 O Índice Firjan de Emprego e Renda na microrregião Litoral Sul é classificado de regular desenvolvimento (de 0,4 a 0,6) para maior parte dos municípios. O maior índice refere-se ao município de Itapemirim, com 0,592, seguido pelos municípios de Presidente Kennedy e Iconha, com 0,575 e 0,462, respectivamente. Vale observar que Rio Novo do Sul é o município que apresenta os piores resultados da região para os seguintes indicadores: PIB per capita (R$ 15.855,76), Índice Firjan de Emprego e Renda (0,355) e receita líquida per capita (R$ 2.643,11).
A maioria dos municípios da microrregião Litoral Sul apresenta Índice Firjan de Saúde considerado de alto desenvolvimento (escala de 0,8 a 1), com exceção dos municípios de Anchieta e Piúma, com índices moderados de Saúde (de 0,6 a 0,8). Os maiores índices referem-se aos municípios de Alfredo Chaves (0,915), Presidente Kennedy (0,898) e Iconha (0,895). O município de Piúma apresenta o menor índice, com 0,771. Quanto ao Índice Firjan de Educação, o município de Iconha apresenta o maior índice com 0,929, seguido pelos municípios de Rio Novo do Sul e Alfredo Chaves, respectivamente com 0,899 e 0,883. O menor índice Firjan de Educação é do município de Marataízes, com 0,791.
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) , que mensura o desenvolvimento humano com base em três dimensões – longevidade, escolaridade e renda –, é de 0,740 no Espírito Santo, considerado de alto desenvolvimento humano. Entretanto, o IDHM da maioria municípios que compõem a Litoral Sul varia entre 0,654 e 0,730, o que revela um IDHM de médio a alto desenvolvimento para a microrregião. O município de Anchieta apresenta o maior IDHM, com 0,730, seguido por Iconha e Piúma, com 0,729 e 0,727, respectivamente. Portanto, estes três municípios apresentam um IDHM de alto desenvolvimento. O menor IDHM é do município de Itapemirim, com 0,654. 3 O Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) é mensurado com base em três dimensões: Infraestrutura Urbana, Capital Humano, Renda e Trabalho. O indicador auxilia no enfrentamento das desigualdades e oportunidades. O Espírito Santo apresenta um IVS baixo, de 0,274, o que significa dizer que o estado apresenta baixa vulnerabilidade (de 0,200 a 0,300). Os oito municípios da região apresentam IVS variando entre 0,168 a 0,311, o que caracteriza um IVS baixo para toda a microrregião, ou seja, municípios com baixa vulnerabilidade (de 0,200 a 0,300). O IVS mais baixo corresponde ao município de Iconha, com 0,168, seguido pelos municípios de Anchieta (0,208) e Alfredo Chaves (0,209). O IVS mais alto é do município de Presidente Kennedy com 0,311, indicando que o município é o mais vulnerável da microrregião Litoral Sul.
Quanto ao atendimento dos serviços básicos de saneamento na microrregião, foram considerados três serviços básicos: abastecimento de água por rede pública, coleta de lixo e coleta de esgoto. O atendimento dos serviços na microrregião Litoral Sul ainda não está universalizado para abastecimento de água, coleta de lixo e coleta de esgoto. O serviço de abastecimento de água atinge 73% da população, e a coleta de lixo atende 87% da população regional. Entretanto, a coleta de esgoto apresenta um baixo percentual de atendimento, com apenas 32% da população atendida. Se comparados com o estado, verifica-se que os indicadores de saneamento da Litoral Sul estão abaixo dos percentuais do Espírito Santo relativos ao abastecimento de água (77%) e, em especial, a coleta de esgoto (61%). Entretanto, a coleta de lixo na microrregião (87%) apresenta um percentual de atendimento superior ao do Espírito Santo (81%). Observa-se que o município de Piúma apresenta o maior percentual de cobertura da microrregião em todos os serviços: abastecimento de água (99,93%), coleta de lixo (99,65%) e coleta de esgoto (86,13%). Quanto aos menores percentuais de atendimento nos três serviços de saneamento, temos Alfredo Chaves, com 47,66% no abastecimento de água; Presidente Kennedy, com 79,53% na coleta de lixo; e Itapemirim, com apenas 11,27% na coleta de esgoto.
[fontes: IJSN, com dados de população atualizados com dados do IBGE 2022]