Como drogas são levadas no corpo de mulheres para presídios do ES
Ouça a participação da comentarista Vilmara Fernandes

Em frente à penitenciária ela recebe o pacote de uma outra mulher. A orientação é para o introduzir no corpo e passar pela fiscalização do sistema prisional. A droga deveria ser entregue ao seu companheiro, que a fez transportar o produto ilícito alegando estar sendo ameaçado por outro preso. Mas ela foi flagrada pelo scanner corporal, que identificou a presença do entorpecente. As imagens do equipamento eletrônico revelam que, assim como ela, muitos que visitam as penitenciárias quinzenalmente usam o próprio corpo para levar drogas para os presos. Há quem espalhe as buchas pela parte interna da roupa, distribuindo por vários pontos. Outros colocam no cós ou no fundo da calça, nas roupas íntimas, em gorros e até envoltos em panos pretos, acreditando que assim o material não será visualizado nos equipamentos eletrônicos. As mulheres usam a parte de baixo do sutiã, colocam em absorventes ou dentro deles, e até embaixo de unhas de gel já foi encontrado cocaína. Mas a forma mais frequente é pela região pélvica, com a introdução de pacotes com as buchas.
Levam para o interior dos presídios maconha, cocaína, haxixe, fumo, medicamentos — como viagra —, fósforo, cabeça de isqueiro, entre outros produtos. O crack não é muito aceito pela massa carcerária em decorrência das alucinações que provoca, o que acaba chamando a atenção para o usuário. As tentativas, em geral, ocorrem nos dias de visitação. E são mais frequentes nas unidades em regime fechado. Elas abrigam os presos condenados, que correspondem a quase metade dos 23.936 que estão nos cárceres capixabas. Os que conseguem vencer a barreira da fiscalização eletrônica e das revistas manuais, precisam fazer a entrega no pátio, em meio a dezenas de outros familiares e que também estão no local. Outra forma bem comum de entrega de drogas nos presídios ocorre nas visitas íntimas, quando a pessoa reclusa pode passar um tempo em um quarto com a sua companheira. É o momento em que a mulher tem mais liberdade para retirar o pacote que foi introduzido e que, em geral, carrega um número maior de buchas de drogas variadas. Mas o que é feito com a droga? Assim como quem faz o transporte, os presos também utilizam o próprio corpo para armazenar os produtos ilícitos. Engolem os pacotes para evitar que sejam encontrados nas revistas feitas pelos policiais penais ao término da visitação, sejam elas sociais ou íntimas. E na cela, vomitam o produto. Alguns precisam ficar de cabeça para baixo, apoiados na parede, e com o apoio de colegas e forçar o vômito. Os que não conseguem precisam aguardar que ele desça pelo intestino. Os detalhes desta investigação quem conta aqui na CBN Vitória, é a comentarista Vilmara Fernandes.