Cais das Artes deve ser ocupado pela cultura ou por startups?

Ouça o que dizem os arquitetos e os investidores em tecnologia

Vitória / Rede Gazeta
Publicado em 03/02/2022 às 11h34
Obra do Cais das Artes
Obra do Cais das Artes. Crédito: Carlos Alberto Silva

O governador Renato Casagrande (PSB), em entrevista exclusiva à CBN Vitória no último mês de dezembro, apontou que o Cais das Artes, em Vitória, pensado inicialmente para ser um local de atividades culturais, pode ter um espaço destinado para tecnologia. Com as obras paradas desde 2015 e um imbróglio na Justiça para retomada, o Governo do Estado vê na concessão do espaço uma saída para destravar os trâmites e finalizar a novela do complexo iniciada em 2010.

A possibilidade, porém, não foi bem recebida por todos os capixabas. O Instituto de Arquitetos do Brasil no Espírito Santo (IAB-ES) se manifestou contra a utilização do Cais das Artes para outros fins que não sejam artísticos e culturais. Além de descaracterizar o conceito arquitetônico do espaço idealizado pelo capixaba Paulo Mendes da Rocha, um dos dois brasileiros que ganharam o Prêmio Pritzker - considerado o "Nobel da Arquitetura", a organização dos arquitetos entende o Cais das Artes seria o único local de grande porte para receber peças e shows e poderia colocar o Espírito Santo em uma rota cultural mundial. Quem defende este ponto de vista em entrevista à CBN é Otávio de Castro, membro do Instituto de Arquitetos do Brasil no Espírito Santo (IAB/ES). 

Já para os players da economia criativa, o compartilhamento do espaço com a cultura poderia gerar oportunidades mútuas. A ocupação do Cais das Artes por startups poderia criar mais um hub que pode fortalecer ainda mais a ambiência tecnológica do Espírito Santo. Representantes do mercado de startups defendem que tecnologia e cultura andam juntas e o Cais das Artes seria uma chance de união e preparo para as demandas do futuro. A ideia é que o Cais das Artes e da Tecnologia se torne um marco da cultura, da inovação e do entretenimento e seja um hub capaz de oferecer desenvolvimento tecnológico, atração de investimentos, geração de emprego qualificado e renda aos capixabas, como explica em entrevista à CBN Vitória o empresário da Associação Capixaba de Tecnologia (Action), Juba Paixão.

A Secretaria de Cultura (Secult) informa que está acompanhando as discussões acerca do Cais das Artes e tem bom diálogo com o Instituto de Arquitetos do Brasil no Espírito Santo (IAB), que tem cadeira no Conselho Estadual de Cultura. "A Secult se reuniu com o IAB esta semana, explicando os planos diretamente, e ouvindo as demandas da categoria. De modo geral, as alternativas de uso do Cais serão debatidas com a sociedade em tempo oportuno. A ideia sempre foi integrar a cultura com outras áreas, como educação, inovação, gastronomia, turismo e economia criativa, por exemplo. Mantendo as diretrizes iniciais do projeto como um espaço cultural, que já previa espaços e ativações além do Museu e do Teatro, como restaurantes e café. O intuito é que Cais das Artes receba exposições, encontros e espetáculos de todos os portes, priorizando a produção artística e a diversidade cultural capixaba. Em janeiro, o Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES) apresentou ao Ministério Público, juntamente com a empresa vencedora do certame, um novo projeto de retomada da obra, que é de interesse urgente do Governo do Estado", explicou em nota a secretaria.