Iphan revalida Paneleiras de Goiabeiras como Patrimônio Cultural do Brasil

Quem explica o processo é a superintendente do Iphan no Espírito Santo, Elisa Taveira

Vitória / Rede Gazeta
Publicado em 18/09/2021 às 11h45
Paneleiras de Goiabeiras
Paneleiras de Goiabeiras. Crédito: Ricardo Medeiros

Tradição cultural, turística e gastronômica de Vitória, o ofício das Paneleiras de Goiabeiras teve revalidado o seu título de Patrimônio Cultural do Brasil. O processo foi aprovado por unanimidade no último dia 31 de agosto, durante a 97ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O ofício das paneleiras de Goiabeiras, inclusive, foi o primeiro bem cultural do Estado registrado pelo Iphan como Patrimônio Imaterial no Livro de Registro dos Saberes, em 2002. Em entrevista à CBN Vitória, a superintendente do Iphan no Espírito Santo, Elisa Taveira, traz mais detalhes. Acompanhe!

O processo de produção das panelas de barro, muito usadas para a degustação e confecção da deliciosa moqueca capixaba, emprega técnicas rudimentares de artesanato misturadas à argila. A atividade, eminentemente feminina e envolta por uma sensação de pertencimento, é repassada pelas paneleiras às suas filhas, netas e sobrinhas, no convívio doméstico e comunitário. É um dos ofícios que movimentam a economia criativa da região, sendo principal meio de sustento de mais de 120 famílias. As panelas são modeladas à mão, em um trabalho de muita dedicação e afeto. Após secas ao sol, são polidas, queimadas ao ar livre e impermeabilizadas com tinta de tanino. A técnica é herança cultural Tupi-guarani e Una. O saber foi apropriado dos índios por colonos e descendentes de escravos africanos que ocuparam a margem do manguezal da Grande Goiabeiras.

PROCESSO DE REVALIDAÇÃO

Os bens culturais registrados como Patrimônio Cultural passam pelo processo de revalidação a cada dez anos, de acordo com o estabelecido no Decreto nº 3.551/2000. O objetivo é investigar sobre a atual situação do bem cultural, verificar mudanças nos sentidos e significados atribuídos ao bem, entre outros aspectos. A revalidação também busca dar subsídio a ações futuras de proteção e valorização do patrimônio imaterial.

Os processos de revalidação não visam destituir o título de Patrimônio Cultural do Brasil de qualquer bem registrado pelo Iphan. A retirada do título só ocorre, em hipótese remota, se os próprios detentores assim desejarem. Os detentores são convocados a participar de todas as etapas do processo de revalidação e contribuem com a elaboração do Parecer de Reavaliação, disponibilizado para manifestação dos detentores e a toda a população.