Ato público terá "sonegômetro" ao lado de "impostômetro" em Vitória

Protesto faz parte da greve geral programada no Espírito Santo, contra a Reforma Trabalhista no Congresso Nacional

Publicado em 25/04/2017 às 21h27
Atualizado em 23/05/2021 às 00h32

Os organizadores da paralisação geral desta sexta-feira (28) vão fazer um ato em frente à Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). Na manifestação, marcada para as 14h, os trabalhadores devem instalar um “sonegômetro” ao lado do “impostômetro” que fica em frente ao prédio da instituição, na Reta da Penha, em Vitória.

De acordo com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-ES), Jasseir Alves Fernandes, o protesto levará um banner com números relativos à sonegação de impostos de empresas para colocar na sede da Findes.

“Além do impostômetro que tem lá, nós vamos levar o sonegômetro. Essas reformas também são por conta da sonegação de maus empresários que só querem ter lucro 'nas costas' dos trabalhadores e que não cumprem suas obrigações”, disse.

O presidente da Fides, Marcos Guerra, foi procurado para se pronunciar, mas a Rádio CBN não obteve retorno até o fim desta reportagem.

Até a noite desta terça-feira (25), a expectativa dos organizadores era de que cerca de 30 mil pessoas participem da paralisação geral na sexta-feira contra mudanças nas legislações trabalhista e previdenciária, que estão sendo discutidas no Congresso Nacional.

De acordo com Jasseir Alves Fernandes, o movimento espera receber mais de 100 ônibus de trabalhadores rurais em Vitória na sexta, para que os mesmos participem dos protestos.

Veja as categorias que vão aderir à greve no ES

Professores - os filiados ao Sindicato dos Professores da Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes) e docentes e técnico administrativos da Universidade Federal do Espírito Santo já definiram, em assembleias, que vão parar.

Limpeza pública - Garis, faxineiros e demais profissionais filiados ao Sindicato dos Trabalhadores da Conservação e Limpeza Pública (Sindilimpe) também vão parar 100% de suas atividades. A categoria já havia paralisado na última sexta-feira e estão em negociação com os representantes patronais para o reajuste de 6,29% (baseado na inflação de janeiro) e mais 3% de ganho real nos salários dos trabalhadores. A proposta patronal é de um reajuste de 3,19%.

Segurança Pública - A polícia civil, representada pelo Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol), vai atuar com 30% do efetivo. A decisão contraria a proibição de que policiais façam greve, definida pelo STF em abril.

Comerciários - Trabalhadores que atuam no comércio atacadista e varejista também anunciaram que vão parar 100% de seus filiados, segundo o Sindicomerciários.

Aeroportos - O Sindicato Nacional dos Aeronautas, que representa pilotos e comissários de bordo, informou que definiu nesta segunda-feira (24) o estado de greve. O Sindicato dos Aeroviários do Espírito Santo, dos profissionais que atuam em pista, informou que apoia a greve, mas que as atividades no Aeroporto de Vitória serão mantidas. No entanto, deverá haver paralisação em aeroportos do Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Fortaleza, segundo o sindicato local.

Serviço público - Servidores do Estado, representados pelo Sindipúblicos, revelaram que vão manter apenas o atendimento de áreas que consideram essenciais, como a saúde e a segurança pública. As demais atividades deverão ser paralisadas, com manifestações em Vitória e em algumas cidades do interior.

Construção Civil - Trabalhadores da construção civil também participarão dos atos. A categoria vai parar 100% de seus filiados, segundo a Sintraconst.

Motoboys - Os filiados ao Sindimotos, que representa os motoboys do Estado, também anunciaram a paralisação nesta sexta-feira.

Portuários - O Sindicato Unificado da Orla Portuária (SUPORT-ES) decidiu aderir à greve desde o último dia 7 e realiza nesta quarta-feira nova reunião para traçar estratégias para a manifestação do dia 28.

O que defendem as entidades de classe?

Para o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Espírito Santo (Sindipúblicos), Haylson de Oliveira, não há pontos nas propostas de reformas Trabalhista e Previdenciária, que foram apresentadas pelo Governo Federal, e que os trabalhadores estão se movimentando pois temem que seus direitos sejam perdidos.

"São propostas que vão precarizar as relações de trabalho, medidas que vem na contramão do cenário em que vivemos, com mudanças na legislação que tem potencial para criar subempregos, em condições quase análogas a escravagismo. O trabalhador já vive hoje uma situação vulnerável, tirar dele direitos básicos e dar ao patrão a oportunidade de negociar mudanças por meio de acordos, vai criar uma pressão para quem precisa manter seus empregos", afirma.

Presidente do Sintraconst, Paulo César Borba Peres, o Carioca, questiona o déficit da previdência social, conforme sustenta o governo federal. Para ele, os trabalhadores chegaram em "uma situação limite".

"Já não temos nada a perder. O salário já é uma miséria, principalmente na minha categoria, em que o trabalhador ganha em média um salário mínimo e meio. Nossos patrões, as empreiteiras, estão presos e são os corruptores de verdade, por isso estamos vulneráveis, sem a garantia dos nossos empregos. A Lava Jato está aí, chegando ao Espírito Santo, mas quem é punido de verdade é o trabalhador", desabafa.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de CBN Vitória.